Ao procurar o necessário equilíbrio para alcançar a sua intenção, o funambule experimenta tensão por sentir que o suporte que percorre ora parece uma corda bamba ora uma tightrope.
A intenção da presente compilação de textos pretende ser uma fusão de sensações, percepções, representações, interpretações e reflexões sobre os conhecimentos teóricos e práticos de um grupo de especialistas nas áreas da educação, da pintura, da literatura, do teatro, da música e da psicologia.
O mote lançado centrou-se na trilogia Corda Bamba –Tightrope – Funambule que encerra em si mesma três binómios: Equilíbrio-Desequilíbrio, Tensão-Intenção e Fusão-Difusão. Solicitou uma reflexão escrita em torno do entrecruzamento das seguintes ideias:
1. A tensão necessária na busca de intenções, que é parte integrante na gestão do potencial criativo;
2. O equilíbrio e o desequilíbrio inerentes ao riscos, metas e desafios do acto criativo;
3. A fusão e a difusão da diversidade cultural.
A diversidade de perspectivas e de expressões resultou numa dança em redor de “O des(equilíbrio) na tensão criativa”. O fio condutor da reunião de olhares parte de uma expressão de sentimentos e de pensamentos de quem orienta a expressão criativa de artistas portadores de deficiência mental e permite que tais artistas giram as suas tensões e intenções, equilíbrios e desequilíbrios e dêem expressão ao fluxo criativo, de forma a que a sua difusão seja possível.
A tensão fenomenológica entre o sujeito de uma visão e o objecto na sua condição de coisa vista, entre a imagem como verdade ou como mentira , entre o desígnio, a intenção e o ritmo, é motivo de um ensaio retórico sobre a intencionalidade humana: considerar desinteressadamente algo como sendo belo.
Shakespeare serve de pano de fundo para os exemplos da literatura que mostram como criadores, criativos, personagens e leitores assumem os riscos das cordas bambas estendidas sobre as aporias da vida, pois o acto criativo é em última análise um salto mortal sobre o vazio.
Não sendo a fala a única forma de linguagem, os rastos e marcas dos artistas que falam por “outras palavras” e inventam novos usos e significados para as linguagens são o reflexo da expressão do que é viver na “corda bamba” e de comunicar o universo pessoal.
A representação dos binómios como dicotomias e a subsequente transformação das dicotomias em binómios reflectem caminhos epistemológicos que explicam despertares adormecidos da ciência e exploram possibilidades para o despertar da “Ciência Nova” flexível e criativa que permita trabalhar, com rigor, confiança e elegância, na corda bamba.
A abertura à diversidade e a utopia de um espaço onde caibam todo o tipo de expressões e de manifestações da criatividade humana só surge com a criação de intervenções específicas que promovam a autonomia de pensamento e liberte a postura passiva e pouco crítica que nos limita.
Daniela Gomes, Nuno Quaresma, Miguel Freitas, Marijke Boucherie, Domingos Morais, Maria João Afonso e Carolina Correia foram os protagonistas da abertura de caminhos explicativor e reflexivos acerca das formas como um funambule pode gerir a tensão que experimenta ao procurar o equilíbrio necessário para alcançar a intenção que se desvenda quando percorre uma corda bamba que por momentos parece uma tightrope.
Sara Bahia e João Moreno
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